I - HISTÓRICO
Há, em verdade, uma lei implícita, quase instintiva, que proíbe um homem de olhar lateralmente e para baixo, quando outro homem estiver utilizando o mesmo mictório, ao seu lado. Batalhas dignas de Esparta foram travadas pela violação desta lei (muito embora os espartanos, homens sarados, semi-nus e no limite da masculinidade não a respeitassem muito). O Homem não quer ser comparado naquilo que é o símbolo maior de seu sexo. Mais que instrumentos sagrados da procriação, Eles, (sim, com “E” maiúsculo), muitas vezes são parâmetros de hombridade e caráter, constituindo pesadelo traumático, o encontro em um urinador com um “abençoado por Deus”. Então, fato é a existência desta regra de conduta, ainda que esquivada por alguns, possuindo raízes ancestrais...
- Abel, por que você está usando meu arbusto e não o seu?
- Tem um cobra comendo uma maçã enrolada no meu. Mas por que o ciúme?
- É que eu gosto de marcar território. O que foi? Por que você está... Eu não consigo fazer com alguém olhando!
- Caim... você está com frio?
Então, Caim matou Abel.
II – AS POSIÇÕES CORRETAS
Raros são os banheiros, que, fazendo jus à discrição necessária, fixam tapumes entre mictórios individuais e, desta forma, criam um paraíso de tranqüilidade para os apertados que ali buscam redenção. Contudo, culpando a estrutura mijatória dos países de 3º mundo ou a influencia gay na Secretaria de Vigilância Sanitária Nacional, a regra é a existência de mictórios constituídos de uma peça única, retangular, onde pequenas cachoeiras de água escorrem de orifícios, escoando a urina por entre canyons de gelo e limão. Pois bem, o processo xixitório aqui exige cautela e destreza, sendo permitidas, apenas, a execução das duas posturas legais oficialmente catalogadas: a) “Olha o Avião” e “Olho no olho”.
A postura “Olha o Avião”, desenvolvida ainda nos primórdios da civilização, (dizem alguns que por Sócrates), exige que o “mijante” concentre-se avidamente em um ponto qualquer situado no teto do banheiro. Palavras podem ser trocadas, mas, a boa educação e a legalidade da postura, determinam o quadro corporal estático da cabeça aos céus, sendo que, inclusive, o movimento de balanço e secagem do instrumento também deve ser feito como que em admiração ao “avião” imaginário garantidor de nosso status de macho heterossexual educado.
Já a posição “Olho no olho”, tensa e de alta periculosidade, decreta o confronto direto de olhares dos “urinadores”. Imprescindível que exista diálogo entre eles, (para que não possam ser interpretados erroneamente), preferencialmente, sobre mulheres, carros ou futebol. O menor deslize caracterizado pelo movimento descendente de olhos pode gerar constrangimento ou um olho roxo.
III – DISPOSIÇÕES FINAIS
Importante ainda salientar que, são comuns encontros de amigos nas saídas e entradas de mictorios. Nesta fase, já consumado o ato libertatório do xixi, a mais fina educação impõe que nunca, nunca, nunca, deve-se dar a mão direita, (ou esquerda, se canhoto), em cumprimento ao companheiro que adentra o recinto. Abraço são repudiosos, visto que restaria-nos a certeza que aquela mão suja fora limpa em sua camiseta. A ciência ainda busca informações da razão de que 99,9% dos homens evitam a torneira e o sabão após esvaziarem suas barragens. Em vão.
Este guia, que será, com a mais plena certeza, difundido amplamente pelas autoridades sanitárias do país, é garantia de sobrevivência, saúde e um facilitador da convivência harmônica das pessoas de sexo masculino nos banheiros de todo o mundo. Não crie situações de desconforto ou guerras particulares, leve-o consigo onde for. Festas, viagens, eventos...
ADOREI!! muito bom!! mas como me falta o membro cujo conto homenageia, astenho- me de comentários, no máximo posso concordar!!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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