Impensável começar uma conversa sem as devidas apresentações. Pelo menos é o que acredito. E a leitura não a é? Uma pequena ou grande conversa? Talvez seria mais fácil começar assim, postando um texto sem maiores explicações. Mas, ainda que hoje em dia tenho sentido uma certa aversão à exposição pessoal, (o que na verdade constitui um paradoxo imenso, pois um blog não é necessariamente algo íntimo), creio que um pequeno esboço de meu “Mundo de Bobby” pode ajudar um possível leitor a compreender-me um pouco mais. Ou, ao menos, ser educado para com ele.
Encontro-me na idade que Balzac imortalizou... Não em “A Mulher de Trinta Anos”, obviamente, mas em “El Verdugo”. Aliás, para melhor explicar-me, sem qualquer tendência ao parricídio, mas é que, por vezes, sinto que abateu-me uma certa adolescência tardia, uma revolta interna talvez... Tipo assim, estar escutando Nirvana agora e não aos 15... Sou formado em direito, embora não exerça a profissão. Encontro-me no terrível limbo daqueles que estão estudando para concursos públicos... um pária social.
Sempre gostei de ler. Sempre. Tanto que na quinta série do primário ganhei uma medalha por te sido a pessoa que mais leu livros naquele ano. Dona Rita, a então bibliotecária duvida da velocidade com que devolvia os livros e surpresa, sabatinava-me como numa prova oral. (Não obstante à deselegância de se auto elogiar, permitam-me “vender meu peixe”, ok... estou tentando chamar atenção de você leitor – pronto, agora estou dando uma de Machado de Assis)... Por ordem cronológica, “O Menino do Dedo Verde” foi o primeiro do qual lembro com perfeição. E nada tão intenso e mágico quanto “O Pequeno Príncipe”. Nem Sthendal, nem Gabriel Garcia Marques, nem Dostoiévski, nem Millan Kundera...
E, consequentemente, escrever também o era. As temidas aulas de redação sempre foram as minhas preferidas. E, ao que parece, ainda o são. Estórias sempre foram universos diversos do meu. E não importa quão clichê seja, vivi e sofri com diversas personagens, diversas vidas... E o teclado aberto ou folha de papel em branco é exatamente isso... infinitas possibilidades, infinitas personagens, infinitas vidas... Quem não quer contar uma estória? Jesus era um contador de estórias! Quem não quer sonhar o inimaginável? Viva Júlio Verne! Patrono de minha infância criativa...
Embora o Blog esteja voltado, num primeiro momento, a crônicas e artigos com temas definidos, não me castrarei a este ponto. De certa forma, a escrita em forma de contos é a minha preferida. E tenho também rabiscado algumas pequenas linhas de um pretenso romance.
Há dois anos tenho caminhado também pelos corredores da música. Apesar de ainda não ter gravado nenhuma de minhas composições, e, falando francamente, não ter conhecimento algum de teoria musical, sinto-me extremamente realizado nesse campo. Sem maiores pretensões, senão dar vazão a este sentimento e tocar para amigos bêbados pelas madrugadas.
Por fim, cumpre-me falar um pouco sobre o título do blog. Foi escolhido quase que por exclusão. Os dois primeiros que havia matutado já possuem registro. (“Estórias pra Boi Dormir” e “O Poeta Profano”). Poxa, esses caras são rápidos! “Inovador”, pensava comigo. Se bobear ainda perco este! Mas, não obstante à complexidade sonora de se dizer “O Des-pre-tem-ci-o-so Au-daz”, expressa de forma direta as pretensões literárias deste autor... tão despretenciosas e, ao mesmo tempo, audaciosas... Eu não sei se vou tornar-me um escritor, que vou publicar livros, quantas visitas terei aqui neste blog... Só quero escrever... enquanto tiver algo pra dizer... A casa é de vocês!