Já no princípio, o começo de tudo: Eva nasceu da costela de Adão. Nada contra Adão ficar desfalcado por toda eternidade de uma costela. Existem pessoas que vivem sem pernas, alguns sem braços e muitos, muitos mesmo, sem cabeça. Mas, retornemos à nossas conjecturas. Deste incidente cósmico, podemos tirar duas conclusões: Deus é Homem e Machista. Posso até arriscar que usava camisa com os botões abertos e com os fartos pelos do peito à mostra enquanto modelava o barro na criação de Adão. Deus, narcisista como o é, criou o homem à sua imagem e semelhança. Já a mulher, representava o inatingível, a perfeição, algo realmente superior e desconhecido... mas, o Todo Poderoso, orgulhoso como o é, não poderia admitir isso (pelo menos publicamente), fazendo-a surgir da barriguinha de Adão. Machismos, machismos...
O casamento foi no quinto jardim do paraíso. Muito simples é verdade, somente familiares e poucos amigos. Presentes no cartório celestial estavam o pai do noivo (Deus), os anjos Gabriel e Lúcifer, Noé e duas diabinhas com vestidos bem decotados. A festa transcorreu com alguns percalços, mas nada que tirasse o brilhantismo da mesma. Gabriel, que havia sido criado antes do ponche, se embebedou. Lúcifer, encantado com as diabinhas, deixou o paraíso para levá-las em casa e nunca mais retornou. Noé discursou por uma hora e meia, deixando à disposição dos noivos, seu barquinho para a lua-de-mel. Adão acordou tarde e atrasou mais que a noiva, já que Deus, farrista como o é, promoveu uma grande despedida de solteiro para o filho, com direito a piscina de gelatina e muitas, muitas mulheres nuas. Machismos, machismos...
Adão, se sentindo o tal, deu início ao que chamamos vida conjugal com um ligeiro ar de superioridade. Fazia questão de assistir a fita da copa de 70 bem na hora da novela, reclamava da comida e freqüentemente chegava embriagado em casa, nunca aceitando qualquer comentário queixoso de Eva. Mas esta situação não demoraria a ruir. Deus, mulherengo como o é, escorregou (alguns dizem que propositalmente) em sua criação mais perfeita: Dotou-lhe de inteligência, enquanto, nós homens, fomos criados com “incríveis” habilidades como beber cerveja e fazer baliza. Desta forma, não demoraria muito para que Eva, cansada desta vida primitivamente machista, buscasse novos ares.
E assim foi. Em um domingo quente, Adão retorna para casa após a pelada matutina, não encontrando Eva e nem mesmo o almoço pronto. Revoltado, e disposto a exigir seus direitos de marido, Adão sai ao encontro da “amada”. Para sua surpresa, debaixo de frondosa árvore, encontrou Eva a conversar com a Serpente.
- Adão, não é nada disto que você está pensando...
E ao contrário do que o conto pode sugerir, Adão, não conseguiu esboçar qualquer reação máscula e dominadora. Deus, sentimental como é, expunha pela primeira vez a fragilidade masculina, quebrando a redoma machista do então inabalável ser Homem. Adão, agora impotente, mas ainda relutante em chorar, conseguiu apenas balbuciar umas poucas palavras:
- Amor, vamos para casa...
Mas Eva, sentindo o momento de fraquejo do companheiro e utilizando sua imensa persipcácia não pensou duas vezes:
- Hoje vou chegar tarde, não me espere, Ok?
Depois do incidente Adão esfacelou-se. Arrumava a cama, cozinhava aos domingos e trocava as fraldas das crianças. Dizem que seu último ato machista foi, no aniversário de quinze anos dos filhos, levar Caim e Abel ao prostíbulo mais próximo para a tradicional iniciação sexual machista. Afinal velhas tendências são difíceis de se perder. E Deus, tradicionalista como o é, ainda tenta aconselhar Adão sobre a postura do homem na vida de casado. O filho ouve o Pai calado, como a que concordar com as conjecturas machistas primitivas do Criador. Mas a cada sermão, podemos lá no fundo, escutar entre pensamentos indignados, Adão repetir para si mesmo: - “é porque o Senhor não tem mulher”!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Livre a opinião, vedada apenas a agressão literal.