Marcou-se em
data previamente estabelecida, a primeira convenção de palhaços destas terras
tupiniquins. Queriam articular um sindicato ou coisa assim. Tratar dos direitos
sociais e previdenciários que os palhaços não gozavam. Porque, de resto, gozar
com os outros era só o que faziam. Trazia em suas mãos, o Palhaço Goiabada com
Queijo, ou melhor, o sr. Celestino Silva, um projeto para levar à Câmara dos
Deputados no intuit de categorizar a atividade palhaçal como “Agente Público de
Saúde”, uma vez que os sorrisos que arrancavam, cientificamente comprovado foi,
melhoravam a saúde daqueles homens e
mulheres e crianças na pláteia.
O sr. Celestino
Silva, tendo pedido um adiantamento para a Mulher Barbada, comprou um terno de
liquidação para a ocasião. Penteou o cabelo, não passou maquiagem, despediu-se
de sua esposa-anã e saiu com esperanças de um futuro melhor. Contudo, ao chegar
na tenda armada para o evento, sua primeira decepção… todos estavam vestidos
como palhaços! Considerou toda a situação, uma piada sem graça…
Sentou nas
cadeiras plásticas e vermelhas. Dispensou o menino do algodão doce que fazia
promoção para queimar o estoque das guloseimas. Aguardou o início. Então, o
Palhaço Maisena, o mais velho entre eles, dando fim à sua impaciência, tomou o
microfone em mãos:
-
Bom dia,
Senhores e Senhoras e Senhoritas e Platéia! O que é o que é que tem cabeça mas não pensa tem dente mas não morde e tem barba que nem
bode? É o Alho! Deixo agora o microfone aberto para outras considerações...
Boquiaberto, o sr. Celestino Silva,
solicitou o uso do microfone.
-
O Goiabada
com Queijo será o próximo! Venha pra cá irmão! Que roupas engraçadas as suas!
Atônito, subiu as escadas devagar. Internamente pensava em um discurso
que pudesse fazer com que os colegas de profissão focassem em questões sérias e
profícuas para classe. Logo chegando, estendeu-lhe a mão o Palhaço Catchup,
sendo que quando foi apertá-la, não percebendo o pequeno dispositivo escondido,
tomou tremendo choque, fazendo com que todos ali rissem até rolar no chão.
Tentando perceber o que aconteceu, e ainda tonto, puxou uma cadeira para
sentar e recuperar os sentidos, entretanto, nesse exato momento, o Palhaço Chucrute
tirou-a despercebidamente, projetando seu corpo de costas ao solo e fazendo
explodir todos os outros palhaços em gaitadas de riso.
Ciente de que estavam fazendo dele uma grande piada, levantou-se com
expressão de que poria a tenda abaixo, quando foi subitamente segurado por Maisena.
Achou que seria acalmado por ele, no entanto, da flor fixada em seu terno
listrado e colorido, saiu forte jato de água, molhando todo o seu rosto.
Saiu sem olhar pra trás. E tapando os ouvidos para as risadas histéricas.
Levava amassada nas mãos, seu projeto de lei. Foi direto para rodoviária. E
depois para Brasília. Entrou sem ser convidado no palanque da Câmara. Discursou
com o rosto vermelho até ser retirado pelos seguranças. Não sem antes ver os
poucos deputados presentes rindo de sua iniciativa, para depois retomarem a
votação do aumento de seus próprios subsídios. Desejou de toda sua alma que
morressem de rir. Mas, não tinha jeito… Era tudo uma palhaçada mesmo…
Belo texto, mas muito triste!
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